Moçambique (Estadia em Montepuez)

Era dia de manutenção da bicicleta.
Queria ver se acabava de vez com os furos na roda traseira, os problemas com o desviador de corrente e se substituía o raio que estava partido.
Cedo começou a operação de lavagem e inspecção e todos os órgãos da bicicleta.
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Desmontei a roda traseira, removi o pneu e a câmara-de-ar. De seguida retirei a cinta de borracha que protege o aro e… encontrei a causa de tantos furos e cortes na câmara-de-ar.
Tinha o aro literalmente aberto em duas partes. Uma racha longitudinal que perfazia quase ¼ de círculo era a causa das minhas dores de cabeça e também a razão pelo qual o aro batia nos calços de travão.
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A solução seria substituir o aro, mas rapidamente coloquei-a de lado pois não iria encontrar o material necessário em Montepuez.
O plano B seria tentar soldar o aro, mas levantava-se uma pequena questão técnica. A soldadura teria que ser a alumínio e feita por um profissional. A probabilidade de danificar irremediavelmente o aro era elevada.
DSCF6284 Passei o resto do dia a correr de um lado para o outro à procura de uma oficina que soldasse a alumínio.
No entanto as minhas buscas foram completamente infrutíferas, tanto na busca de soldadores como na busca de material de reposição.
Decidi atacar os dois problemas restantes. O desviador da corrente e a substituição do raio.
Nas oficinas da Plexus (uma empresa de algodão), conheci um jovem engenheiro que prontamente disponibilizou um mecânico para me ajudar na remoção da cassete (carretos traseiros) para que a substituição do raio fosse possível.
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De volta ao anexo na casa do Lito, comecei a reparar o que podia.
O desviador da corrente necessitava apenas de umas marteladas e uns apertos para voltar à correcta posição dele.
A substituição do raio estava consumada, faltava apenas a afinação da roda… que no entanto de nada valia tendo o aro no estado que estava.
DSCF6297Passavam das 20h30 quando concluí todas as reparações que tinha planeado, excepto o problema do aro. Havia consumido todos os neurónios na procura de uma solução, mas nada.
Chegou a fome…
De barriga cheia a cabeça funciona melhor. Regressei ao restaurante do Lito para comer outra costeleta, e foi a meio da mesma costeleta que tive uma ideia que me permitiria chegar a Pemba (se tudo corresse bem).
Novamente no anexo do Lito, decidi aplicar uma cola metálica ao longo da fissura do aro, com dois objectivos. O 1º objectivo seria colar o aro (algo que não tinha grandes esperanças) e o 2º objectivo seria o de proteger a câmara-de-ar das arestas cortantes da racha existente no aro.
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Após a operação de colagem, montei o pneu no aro e fiz o primeiro teste.
Tirando o facto que o aro parecia mais uma elipse que um círculo, tudo parecia estar a funcionar bem.
As mudanças e o desviador estavam a trabalhar bem (apesar de algumas limitações), faltando apenas centrar e alinhar a roda.
Dificuldades superadas, esperava-me para o dia seguinte uma etapa de 110Kms até Metoro.
Estava a 2 dias de chegar ao Oceano Índico…

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