As pernas haviam recuperado do desgaste sofrido na Zâmbia durante os 3 dias passados em Lilongwe. Estava na altura de retomar a minha viagem.
A etapa era até Dedza (87Kms), uma cidade pequena a cerca de 1.600m de altitude, na fronteira Oeste Malawi/Moçambique.
Contava com pouco mais de cinco horas para cobrir a distância até ao final da etapa, algo que não aparentava grandes dificuldades mesmo sabendo a ascensão acumulada a que estaria sujeito.
A principal questão que teria de ter em conta, seria a hora de partida e a hora de chegada apenas por razões climáticas. Apesar de o Sol estar a dar bons ares da sua graça, a temperatura era baixa nas primeiras horas do dia. O mesmo acontecia a partir de meados da tarde, altura em que o Sol começava a se despedir… ainda mais com a agravante da altitude.
Posto isto e após alguns cálculos rigorosos, concluí que a melhor hora para partir seria as 9h30.
Adicionando as cinco horas de viagem, chegaria a Dedza às 14h30 ou o mais tardar às 15h30, altura em que a temperatura ainda estaria agradável.
Entre despedidas, choros e gritos, consegui sair de Lilongwe às 10h30.
Atravessei o movimentado centro de Lilongwe e pouco depois estava na estrada nacional que me levaria a Dedza.
Com o decorrer do dia o tempo ia ficando cada vez mais encoberto, impedindo que o Sol me aquecesse o costado.
A temperatura ia descendo aos poucos, ao mesmo tempo que o vento ia engrandecendo a sua comparência. Contudo seguia a bom ritmo e com moral.
Aproximava-me da cordilheira de Dedza, subindo gradualmente sem grande esforço pela estrada principal. Uma estrada algo estreita para o trânsito pesado nela existente.
A paisagem era constituída por maciços rochosos colocados aqui e ali, estando estes cobertos por vegetação rasteira.
Cheguei a Dedza pouco depois das 17h00, debaixo de uma incomodativa aragem gelada.
Não me preocupei em procurar local para comer nem para dormir. Simplesmente dirigi-me ao estaleiro da Mota-Engil onde sabia que seria bem acolhido.
Falei com o Luís Rodrigues, que prontamente improvisou os 2m2 necessários para deitar o corpo, e com direito a banho quente.
Pois depois encontrava-me sentado à mesa da cantina do estaleiro a deliciar me com um prato de camarões.
Para sorte dos restantes “clientes” da cantina, o meu apetite devorador estava em fase de acalmia.
Não tinha necessidade de comer a travessa inteira.
Só assim é que foi possivel que os camarões fossem suficientes para todos os presentes.
Encontrava-me no ponto mais alto de toda a viagem, obrigando-me a tomar algum cuidado com a temperatura exterior, principalmente na madrugada seguinte.
A próxima etapa seria até Cape Maclear, localidade turística situada nas margens do Lago Malawi.
Seriam 125Kms que não ofereciam grande dificuldade visto que ¼ da etapa seria a descer.
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