Estava apenas no terceiro dia de baixa “técnica” e o meu corpo já andava a pedir quilómetros. Apesar de ainda sentir alguns sintomas de fraqueza considerei que estava na hora de iniciar mais uma fase da minha viagem.
Escolhi uma etapa curta devido à minha condição física. Iria pedalar apenas até Chongwe, uma pequena vila a pouco mais de 40 quilómetros de Lusaka.
Por incrível que pareça, a temperatura baixou entre 10oC a 15oC desde o dia que cheguei a Lusaka. Para piorar o cenário do dia, havia o vento que desde cedo fazia remoinhos de poeira pelas ruelas de Lusaka. Seria um dia difícil em todos os aspectos. O único ponto a meu favor seria a etapa do dia, que por ser curta poderia ser percorrida em menos de 3 horas.
Esperei até às 11h00 na esperança que o vento acalmasse e que o dia aquecesse… mas sem efeito. As condições climatéricas mantinham-se as mesmas.
Eram as 11h10 quando dei início à curta etapa do dia. Apanhei a via principal para sair de Lusaka e segui em direcção a Este.
O tempo continuava encoberto e muito ventoso. A temperatura mantinha-se abaixo de 18oC, gelando-me os joelhos devido à acção nefasta do vento.
O frio e o vento tornavam a etapa bastante inconfortável pois eu não vinha mentalizado para temperaturas tão baixas, muito menos quando ainda acusava pontadas de febre.
A verdade era que o frio fazia-me desejar chegar o mais depressa possível a Chongwe, tomar um banho quente e poder passar o resto do dia mergulhado em cobertores.
Fazia algumas antevisões para as próximas etapas sempre com os olhos postos no horizonte. O céu permanecia completamente encoberto e o vento não iria certamente abrandar de um dia para o outro. Avizinhavam-se etapas incómodas para os dias seguintes.
Pouco mais de duas horas após ter deixado Lusaka, cheguei a Chongwe. Foram apenas 46Kms percorridos em 2h28m.
Consegui um quarto barato na pensão “Makola Gardens Lodge” já à saída da vila.
Pela primeira vez em muitos dias, não sentia necessidade de beber uma Coca-Cola bem gelada. Queria sim, um chá ou um galão bem quente para ver se aquecia um pouco os interiores do meu organismo.
Preparava para me instalar confortavelmente no quarto, quando reparei que este não tinha vidros nas janelas nem tinha água quente para o tão desejado duche.
Este tipo de acontecimentos tinha que ocorrer justamente no dia em que eu tremia de frio por todos os lados.
A questão da água quente foi facilmente contornável.
Pedi para aquecer um balde de água na fogueira e tomei o meu banho a caneco.
Deliciava-me com a água quente que despejava do caneco sobre a minha cabeça. No entanto acabava a tremer de frio 5 segundos mais tarde quando a água do caneco findava e eu tinha que voltar a enche-lo com a água quente do balde. Repeti este ciclo até que a água do balde acabasse por completo.
A questão da falta de vidros nas janelas era um pouco mais complicada, mas resolvia-se. Dirigi-me à recepção para reclamar a condição do quarto. Para o recepcionista foi difícil entender o meu protesto, como quem diz “Qual é o problema de o quarto não ter janelas?”.
Expliquei-lhe que além do frio, havia a questão dos insectos que seriam atraídos pela luz do quarto. Postos os meus argumentos, este desapareceu por detrás do balcão durante uns segundos. Voltou a aparecer com uma lata de insecticida na mão como se isso fosse tornar o quarto mais quente ou impedisse a bicharada de entrar. Apeteceu-me dar-lhe com a lata na cabeça, mas limitei-me a exigir um cobertor e um desconto no preço do quarto. Problema resolvido.
Passei parte da tarde embrulhado em cobertores pois ainda apresentava alguns sintomas febris. Continuava com a medicação que me haviam receitado em Lusaka, contando pelas embalagens dos comprimidos os dias restantes até ao final do tratamento, após o qual era suposto eu estar a 100%.
A etapa seguinte seria até Rufunsa. Uma povoação a mais de 100kms de distância de Chongwe da qual eu não conseguia saber se era vila ou aldeia. Continuava apenas com o meu pequeno mapa da Zâmbia em formato A4 conseguido nas Páginas Amarelas, o qual não dispunha de muitas informações para os viajantes.
Coragem Amigo!!!! ;) beijinhos e abraços Sónia & Nuno
ResponderEliminarReparei por acaso neste seu blog porque procurava a origem da palavra chongwe ou chongwene. Felicito-o pela sua grande coragem e espírito de aventura! Doc Dali
ResponderEliminar