Malawi – Estadia em Lilongwe

 

Nos dois dias seguintes à minha chegada a Lilongwe, continuava a comer como um diabo da Tasmânia.

Não interessava o quê, nem como havia sido cozinhado. Se estava no prato è minha frente, então era para se comer.

Cada pequeno-almoço dos meus, dava para alimentar um regimento mas mesmo assim não era impeditivo de eu repetir a dose 2 horas mais tarde.

Desconhecia a frase “… já chega…”.

Parecia um saco sem fundo, engolindo tudo que passasse pelos meus olhos.

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Apenas ao fim de três dias fui capaz de saborear e apreciar a comida.

Foi quando consegui distinguir se a comida estava salgada ou insonsa, se estava bem ou mal passada, se estava dura ou tenra.

Aprendi a mastigar a comida antes de engolir.

Pratiquei o uso de talheres, contudo o uso do copo ainda me fazia uma certa confusão, continuando a beber Coca-Cola pela garrafa.

Já conseguia comer calmamente e falar com as outras pessoas entre garfadas.

Deixei de comer entre 4 a 6 bifes por refeição para passar a comer apenas 1 ou 2 bifes.

Deixei de ser um saco sem fundo para conseguir ter a sensação de me sentir cheio. Mais tarde aprendi a dizer “… já chega…” ainda antes de me sentir cheio.

Deixei de tomar dois pequenos-almoços para tomar apenas um.

Aos poucos e poucos fiquei com os parâmetros do meu metabolismo normalizados e passei a me comportar como uma pessoal “normal” enquanto estava à mesa.

Até que chegou o dia em que eu quase deixava uma sobra de comida no prato… era sinal que eu estava pronto para voltar para a estrada.

 

Já tinha o meu trajecto estudado até Lichinga.

Trajecto Moz

Iria de Lilongwe até Cape Maclear e Monkey Bay onde passaria uns dias. Em seguida rumaria para Sudoeste em direcção a Golomoti, para posteriormente passar a fronteira de Moçambique dirigindo-me para Mandimba.

Uma vez em Mandimba iria pedalar para Norte (esperava com vento a favor) até chegar a Lichinga (trajecto vermelho).

Uma segunda hipótese surgiu já no meu último dia em Lilongwe.

Seria aproveitar uma viagem de barco no famoso Ilala (uma oferta da direcção da Mota-Engil no Malawi) pelo Lago Malawi até Metengula (Moçambique). Seguidamente pedalaria para Sul rumo a Lichinga (trajecto verde).

Uma vez em Lichinga teria que obter informações com as gentes e autoridades locais acerca da estrada para Pemba. Estrada essa que ninguém sabia me dizer se realmente existia ou não (trajecto azul).

 

Aproveitei para restabelecer o meu stock de câmaras-de-ar, adquirindo duas unidades.

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Apesar de os pneus da bicicleta ainda demonstrarem alguma saúde, decidi comprar um pneu suplente para o caso de não encontrar nenhum na minha travessia do Norte Moçambicano.

 

 

 

Antes de partir para mais uma etapa, ainda tive tempo para passar na dispensa da cantina da Mota-Engil, onde ofereceram-me umas latas de sardinhas portuguesas para a viagem (não fosse o caso de eu ter fome no caminho).

1 comentário:

  1. : )
    genial el relato de cómo te acostumbras nuevamente a comer como una persona "normal"...
    va para el reportaje seguro!
    Paulina

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