Como já era habitual, o dia começou bem cedo e após um normal pequeno-almoço (galão e sandes mista) dei as minhas caminhadas pela cidade de Malange. Era segunda-feira de Páscoa (em Angola é feriado), por isso a cidade estava calma e a maioria do comércio estava fechado. Tomei uma cola no Hotel Regina onde simpaticamente deixaram-me aceder à internet para actualizar o blog e regressei ao meu quarto de hotel para preparar as malas e partir. Quando me preparava para iniciar a etapa do dia, encontro-me com uma equipa da TPA (Televisão Publica de Angola) que mostrou interesse em entrevistar-me. Não sou muito dado a este tipo de protagonismos, mas neste caso cedi e lá fomos para a entrevista que decorreu em frente à antiga sede do Sporting.
O aparato da bicicleta e das cameras de televisão atraiu muitos curiosos e alguns jornalistas, de modo que depois da entrevista televisiva ainda tive que dar outra entrevista para um jornal e posar para as fotos com a plateia.
Despedidas consumadas, fiz-me à estrada com destino a Caculama (52km).
A etapa era curta e o dia estava fresco, o que me permitiu pedalar nas calmas e com paragens frequentes para falar com a população rural. Mais uma vez comprei bananas para me alimentar durante o dia e pela primeira vez desde que cheguei a Angola, deparei-me com dificuldades em comunicar em Português com a população. Era uma situação quer esperava encontrar mais cedo ou mais tarde. Mas tudo se resolve, a palavra “banana” é universal, quanto ao dinheiro é uma questão do vendedor apontar para a nota quer e eu aceitar.
Até chegar a Caculama, passei por duas aldeias onde eram bem visíveis os traços de outros tempos, assim como as consequências das décadas de guerra. Numa dessas aldeias (não me recordo do nome) parei para ir a um minimercado e enquanto gozava uns golos de água fresquinha ouvi a frase do dia, proferida por um dos alegres curiosos: “Mas isso é bicicleta ou é moto?”. Respondi-lhe que era bicicleta, mas como o comentarista não me parecia muito convencido, decidi por contra-atacar com uma pergunta: “Onde está o motor?”
A paisagem mantinha-se savana verdejante e o vento… para não variar, estava de feição. Acho que ainda não apanhei 10 minutos em que o vento estivesse a favor, ou pelo menos da lateral. Tem que estar sempre de frente.
À chegada a Caculama, fui recebido pela polícia. Já estavam à minha espera e tinham toda a situação organizada para a minha acomodação e alimentação.
Gentilmente ofereceram-me uma arrecadação para guardar a bicicleta, uma bacia com água para tomar banho no quintal e uma pratada de arroz com sardinhas e pepinos, que comi até ao último grão. Em troca pela generosidade, dei-lhes a minha lata de feijoada e dois sumos que havia comprado no minimercado.
O serão fazia-se às escuras no varandim do posto da policia, quando o comandante Vicente da Policia Municipal de Caculama convidou-me a pernoitar em sua casa. Apesar de estar entretido com os meus novos amigos decidi aceitar o honroso convite. Tornei a fazer as malas e pedalei já de noite e escoltado até aos meus novos aposentos. Iria dormir em cama de casal com colchão de molas, o que me parecia excelente para enfrentar a etapa longa do dia seguinte.
Seria de Caculama até Xá-Muteba.
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Força e coragem!
ResponderEliminarCaro Pedro,
ResponderEliminarJá lá vai o tempo em que as Bananas seguiam de Land-Rover ao teu lado na famosa especial PAPANE-DASSA.
São as dificuldades que tens de passar por eu não ter ido contigo.
E não te esqueças no caso de teres falta de força...o Jonhnie tem muita...
Força Pedro...
Muito bem! Fazes furor em qualquer lado.
ResponderEliminarAgora queria ver a tua reportagem na
jungle bike!
Beijocas enormes
Isto de ir dormr a casa do chefe da policia é só ara quem pode...sim senhora!
ResponderEliminarCuidado que exceso de banana faz prisão de ventre...hihihi
Força
Meu amigo.....Um abraço e boas pedaladas....
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