Zâmbia Fase II - 2ºDia (Zimba – Choma)

 

Deixei a Zimba Guest House às 7h30 em direcção ao restaurante de fast food, que só servia galinha com batata frita. Tinha que tomar o pequeno-almoço de qualquer maneira e esse era o único lugar em toda a povoação, onde poderia encontrar alguma coisa para comer.

 

 

 

De Zima a Choma eram 111kms de boa estrada e de mau vento.

A paisagem continuava exactamente a mesma do dia anterior e sem grandes perspectivas de mudar.

A monotonia depressa marcou a sua presença, agravada pelo crescente fluxo de ar em sentido contrário.

Para abstrair-me da maçuda realidade ia arquitectando no alcatrão diante de mim, mapas imaginários que me levariam ou a Harare (Zimbabué), ou a Lusaka (Zâmbia).

A questão que se punha era “Qual seria o destino após visitar qualquer uma das duas capitais?”

Ou entraria em Moçambique em direcção a Tete, ou seguia para Nordeste e direcção ao Malawi.

O único denominador comum das duas alternativas era ir ao Litoral Norte de Moçambique. Ir à Província de Nampula ou mesmo à Província de Cabo Delgado, para depois descer pelo litoral até Maputo.

Tinha pouco mais de duas horas em cima dos pedais, quando entrei em Kalomo. Ainda não estava com as pernas moídas, no entanto uma paragem para repor as calorias era algo obrigatório. Seguramente não iria encontrar mais nenhuma povoação ao longo do resto da etapa onde pudesse restabelecer alguns dos níveis do meu metabolismo.

Parei no “El Pantano”, um Internet Café & Take Away que vendia gelados.

Não passou mais que 30 minutos, para eu já estar a rodar os pedais uma vez mais.

Mesmo com o gelado no estômago, dizia mal do meu dia. Tudo devido ao vento forte que contrariava a minha progressão.

Olhava com desprezo para outros viajantes conduzindo os seus potentes, modernos e bem equipados 4X4 com que me cruzava ao longo da estrada.

Seguiam de uma maneira geral em grupos de 3 veículos, todos eles bem equipados para passar uma temporada no mato. Tinham atrelados de onde saiam enormes tendas com várias divisões e viajavam com a família inteira dentro do carro.

Não me importava com nada do seu estilo de viajar… apenas um ponto me causava alguma cólera e revolta…

O simples facto de eles viajarem a descer e a favor do vento, fazia cozer os mais ínfimos vasos sanguíneos do meu organismo…

Pedalava em direcção a Choma com os auscultadores do iPod enterrados nos ouvidos e o volume mais alto que o costume, numa tentativa de distorcer os inúmeros “Give me Money!!!” que saiam de todos os lados.

Era a maneira que os transeuntes tinham para me cumprimentar. Uma pequena frase com tom imperativo, que caracterizava bem a maneira de pensar e a personalidade destas gentes.

Faltavam vinte minutos para as três da tarde quando avisto Choma a um par de quilómetros de distância.

Atrás de mim vinha um ciclista, que contrariamente a outros não exaltava a sua performance de estradista e mantinha-se a pedalar na minha retaguarda.

Seguiu-me até à entrada na vila para aí começar a pedalar ao meu lado. Não demorou muito para iniciar conversa comigo. Em primeiro lugar cumprimentou-me e em segundo lugar pediu-me um emprego.

Choma era uma localidade ao longo da estrada principal, com edifícios de betão de um lado e do outro da via. Notava-se que havia interesses económicos na região devido ao número de bancos estrangeiros e de outras entidades que ocupavam lugar nos edifícios existentes.

Apesar de haver várias pensões na localidade, eu demorei quase 2 horas até encontrar onde passar a noite.

Acabei por alojar-me numa pensão bastante confortável que depois de umas negociações com o dono, ficaria a bom preço.

A próxima etapa seria até Monze, sempre seguindo a mesma estrada… monótona