Zâmbia Fase II - 6ºDia (Chirundu – Siavonga)

 

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A distância até Siavonga não era muito longa, pouco mais de 80kms, o que permitia uma certa descontracção quanto à hora de partida.

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Ao que podia observar, os efeitos das baixas pressões haviam desaparecido…

… Não havia ponta de vento a esta hora da manhã.

 

Teria que pedalar 13Kms para trás, de regresso ao cruzamento para Siavonga. Uma vez no cruzamento, eu deveria virar à esquerda e seguir sempre pela via principal.

A estrada de acesso a Siavonga era estreita, em bom estado e com pouquíssimo trânsito. Poderia assim pedalar à vontade e sem grandes preocupações devido ao facto de não haver bermas. Era constituída por longas rectas com ligeiros altos e baixos que apontavam sempre para uma grande montanha que se avistava ao longe.

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Era o sexto dia consecutivo a pedalar e embora a moral estivesse alta, as pernas faziam questão de recordar que haviam ultrapassado o limite. Eu não sentia os músculos cansados, pois estes encontravam-se na fase de “dormente”, todavia sentia (bem) umas dores perfurantes ao nível dos joelhos, muito possivelmente devido ao desgaste dos últimos dias.

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Contudo e apesar de tudo, estava a conseguir manter um bom andamento não só devido à falta de relevo da estrada como também devido à falta de vento contra.

 

Esperava encontrar em Siavonga um lugar junto ao lago onde pudesse passar 2 dias a descansar as pernas e onde a mente pudesse abstrair-se dos pedais. Possivelmente poderia contactar com outros viajantes e obter algumas informações sobre o Zimbabué ou qualquer outro lugar de interesse que eu pudesse visitar.

A 25Kms de Siavonga surgiu uma abrupta subida que se extendia por mais de 100 metros. No entanto e apesar da sinuosidade da estrada, podia adivinhar que a mesma não terminaria por aí.

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Aplicava maior binário no centro pedaleiro, com o objectivo de vencer o efeito da gravidade e conseguir conduzir a bicicleta (mais a sua carga) até ao topo da cordilheira.

DSCF4228Ouvia a corrente a estalar cada vez que esta estava sujeita ao esforço de tracção, imposto pelo movimento descendente dos pedais.

Os joelhos acusavam o esforço com umas picadas no seu interior como se tivessem agulhas de “crochet” espetadas até ao centro da rótula.

O batimento cardíaco estava baixo. Demasiado baixo para a cadência que as minhas pernas estavam a praticar. Era sinal que o organismo precisava de uns dias de descanso mesmo que eu pretendesse continuar a pedalar.

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DSCF4240 Por seu lado, o corpo era alimentado pela ânsia de ultrapassar mais um obstáculo. Era sempre um prazer, conseguir chegar ao topo da montanha olhar para trás e ver os últimos 1500 metros de alcatrão lá em baixo “ziguezagueando” a encosta, até chegar ao ponto onde eu me encontrava.

 

 

Vivia no alegre paradoxo entre a necessidade de descansar e a ansiedade de pedalar.

Às 13h20, e depois de 12kms sempre a subir, avistei pela primeira vez o Lago Kariba.

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Parei para contemplar a paisagem ao mesmo tempo que uma essência a peixe seco penetrava nas minhas narinas. Estava sem dúvida alguma, a escassos quilómetros de uma vila piscatória.

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Iniciei a descida para a vila de Siavonga sob o olhar espantado de alguns autóctones, percorrendo em 20 minutos a mesma distância vertical que levara quase 2 horas para subir.

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Toda a vila estava plantada na encosta da montanha, originando estradas sinuosas com muitos altos e baixos. Siavonga era banhada pelas águas do rio Zambeze cujas “marés” dependiam das chuvas a montante e das descargas da barragem a jusante, no entanto os entendidos insistiam em chamar a esta albufeira de “Lago Kariba”.

Encontrei uma pensão com preços razoáveis (após negociações com o dono) mesmo nas margens do lago. Ouvi as recomendações relativas a banhos nas imediações (crocodilos) e instalei-me no meu novo domicílio.

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Numa primeira caminhada de reconhecimento pela vila de Siavonga, pude constatar que eu tinha elevado demasiado a fasquia da minha expectativa. Era o segundo destino turístico da região Sul do país… e à parte de um par de empreendimentos de hotelaria, não se via outro tipo de apoio ao turismo tal como restaurantes, bares etc… nem mesmo turistas…

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