A distância até Livingstone era relativamente curta, consequentemente não havia pressa para me lançar à estrada. Apenas 66kms separavam a vila fronteiriça de Kazungula com a cidade turística de Livingstone.
Era facilmente perceptível que a fila de camiões que pretendiam transitar para o Botsuana havia aumentado durante a noite.
O Zambeze seguia do meu lado direito rumo a Este, tal como eu. Por vezes conseguia avistar o rio do alto de alguma colima, mas na grande parte do percurso sabia simplesmente que estava ali, apesar de não o ver.
O dia aquecia cada vez mais, as temperaturas há muito que passaram a barreira dos 32ºC fazendo-me ansiar prematuramente por um refrigerante bem fresco.
Apesar da etapa do dia ser curta, esta estava a custar a passar como qualquer uma outra. Não pelo cansaço propriamente dito, mas creio que fruto da ansiedade em chegar a Livingstone.
Livingstone era famosa pelas suas cataratas (Victoria Falls) e era também ponto de encontro de muitos viajantes. Esperava conseguir algumas informações acerca da Zâmbia e também do Zimbabué no que respeita a locais de interesse e estradas a utilizar.
As cataratas por si só não me causavam grande curiosidade. Afinal de contas seria apenas água a cair de um rochedo com dezenas de turistas a dizerem “AAAAAAHHHH” e a tirar fotografias.
No entanto e apesar da minha opinião pessoal, eu também gostaria de visitar as quedas de água e tirar fotografias como qualquer uns dos outros… e se possível com a bicicleta… só para poder dizer:“…eu estive lá…”
Só não ia expressar o “AAAAAAHHHH”…
Despertei para a realidade com um jipe que vinha em sentido contrário, a buzinar e a abrandar. Afrouxei a minha marcha e passei para a outra berma a fim de falar com o motorista.
Era o Andreas, um alemão a residir na Austrália e que viajava sozinho de carro pela Zâmbia. Enquanto trocávamos algumas impressões, o Andreas ofereceu-me uma Coca-Cola gelada que aceitei e bebi num só golo.
Ouvi algumas dicas sobre alojamento em Livingstone e sobre as visitas às Victoria Falls, ao sabor da segunda lata de Coca-Cola. Trocámos itinerários e contactos, pois possivelmente voltaríamos a nos encontrar algures em Moçambique.
Cada um regressou ao seu meio de transporte e prosseguimos viagem… no meu caso ansiando pela terceira bebida fresca.
Às 13h00 deparo-me com uma portela na estrada. Estava a entrar no Parque Nacional Mosi-ao-Tunya.
Sem sair da bicicleta perguntei a um dos guardas se havia animais ferozes dentro da reserva. Este respondeu-me:
-Não, não tem. Só tem elefantes… - Fiquei mais decansado…
45 Minutos depois, chego à cidade de Livingstone. Eram as 13h45 o que me permitia optar, ou seguir directamente para as cataratas e procurar alojamento mais tarde, ou procurar alojamento em primeiro lugar e ver as cataratas em outro dia.
Após alguns cálculos, optei por seguir directamente às cataratas, Afinal eram apenas uns 10kms de distância que podiam ser pedalados com facilidade.
A primeira paragem foi por detrás das quedas de água onde está localizado o monumento que assinala as cheias de 1958.
A segunda paragem foi para subir a um embondeiro e ver as cataratas de um ponto alto.
Sentia-me o verdadeiro turista, que vai ver o que as tabuletas dizem para ser visto e que tira fotografias a tudo e de todos os ângulos.
A terceira paragem foi na entrada para o Parque para visitar as cataratas. Cheguei à portaria e perguntei quanto custava o bilhete de ingresso. Em primeiro lugar, não me deixavam entrar com a bicicleta e em segundo lugar o bilhete custava USD 20,00 (preço para estrangeiros. Locais e residentes pagavam USD 1,50).
É então que surge o Cyrus, o responsável pelo restaurante de um dos hotéis de luxo situado no Parque Nacional.
Intrigado e admirado com a minha viagem refere que consegue fazer-me entrar no parque através da porta de serviço do hotel (a custo zero), bastava que eu mudasse de roupa.
Deslocámo-nos aos bastidores do hotel e troquei de roupa, deixando a bicicleta nas traseiras do bar. Em seguida avançámos com o ar mais convincente do mundo, para a passagem de serviço.
É evidente que ao passarmos pela porta de serviço que dava do hotel para o parque, fomos interceptados pelos guardas da reserva que nos fizeram voltar para trás. Mas nem tudo foi em vão.
Pelo menos bebi uma coca-cola num hotel de 5 estrelas com 50% de desconto e vi uma zebra que se fazia passear nas mediações.
O Cyrus ainda queria tentar outra alternativa para fazer-me entrar no parque, mas eu só queria a fotografia em frente às cataratas… e para isso bastava-me deslocar até à ponte entre a Zâmbia e o Zimbabué e fazer disparar a máquina.
Voltei a trocar de roupa e pedalei as poucas centenas de metros que me separavam da velha ponte.
Passei o posto fronteiriço da Zâmbia e parei algures em cima da ponte, entre a Zâmbia e o Zimbabué. Tirei a fotografia que qualquer turista tira… em cima ponte com as cataratas como cenário de fundo… e a bicicleta também.
Apenas para dar o gosto ao pé, fui até ao outro lado da ponte onde pisei solo Zimbabueano… e regressei à Zâmbia.
Eram as 17h00 e estava na altura de pedalar até à cidade e procurar alojamento.
Acabaria por ficar na pensão sugerida pelo Hans (Jollyboys Backpackers Lodge), um local de encontro de muitos viajantes.
A grande diferença entre atravessar a Zambia de Jipe ou de bicicleta , para além de que o Jipe tem coca cola fresca e a bicicleta tem água do rio fervida , no jipe se acabar o combustível , encosta e ali fica até passar alguém que o tenha ,e na bicicleta isso nunca acontece pois um prato de esparguete com sabor a galinha resolve o problema ...
ResponderEliminarAngelo
Depois da grande aventura que foi a travessia dos areais das "very fine gravel road", em que não faltaram os atolanços e as histórias com miragens. Eis que após muitos "refrescos" tomados, aí estás tu a olhar para as "Victoria Falls", que nem um turista!
ResponderEliminarQue não te falte a força agora nas pistas rápidas!...
Um abraço,
Celso
És mesmo agarrado....paga lá o bilhete e vê as cataratas...mesmo à tuga! Sempre a tentar mitrar
ResponderEliminarForça ai nas tuas pedaladas! Continuamos agarradissimos às tuas aventuras!!! Beijinhos e Abraços Sónia & Nuno Capote
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