Após um par de dias passados na Ilha de Moçambique, estava na altura de regressar à estrada.
Comigo possuía agora um pequeno papel que servia de guia à prorrogação do meu visto em Moçambique. O passaporte estava nos serviços de Imigração de Nampula para que pudesse receber o carimbo de mais 30 dias de estadia no país.
Como tal, acabara de decidir regressar à Praia das Chocas para voltar a ver os meus novos amigos e aproveitar para dar mais uns mergulhos no Índico.
Despedi-me dos meus companheiros da Pensão Ruby e da Ilha de Moçambique, às 11h15. Pela frente teria uma curta etapa de 60Kms até à casa do Jorge, onde esperava encontrar a mesa da varanda cheia de bons pratos.
Voltei a cruzar as estreitas ruas da Ilha, para logo de seguida atravessar o pontão que me levaria de volta ao “continente”.
Pedalava a um ritmo acima da média pois a ânsia de chegar era enorme, ainda mais que a estrada era-me conhecida e eu sabia exactamente onde poderia encontrar bebidas frescas (leia-se Coca-Cola) caso o meu organismo acusasse a sua dependência.
Pouco mais de uma hora após o início da etapa, estava de regresso à estrada vermelha que atravessa Mossuril para terminar em Chocas-Mar.
Enquanto pedalava, o meu iPod tentava emprenhar-me com as suas melodias, contudo toda a minha concentração estava orientava para a minha roda traseira.
Ainda não conseguira resolver nada de nada acerca de um problema que viajava comigo há centenas de quilómetros. O aro estava cada vez pior. Recentemente havia-se formado um boleado na lateral do mesmo, que obrigava-me a viajar com o travão traseiro completamente desapertado.
A minha intenção inicial era a de rumar para Quelimane junto ao litoral e por estradas pedonais, tal como fizera anteriormente entre Pemba e Nacala.
No entanto era imperativo solucionar o meu problema em primeiro lugar, pois não tinha garantias nenhumas que o aro aguentasse uma pancada ligeiramente mais forte.
A questão da roda traseira vinha aliar-se à obrigatoriedade de passar em Nampula, localidade onde iria recolher o meu passaporte e tentaria soldar o aro em alguma oficina da “especialidade”.
Somente após a conclusão destas duas tarefas é que eu poderia voltar a pensar em regressar ao “fora-de-estrada” rumo a Quelimane.
Assim sendo, só teria de confiar que o aro aguentaria a curta distância até à Praia das Chocas e os seguintes 200Kms até Nampula
Cheguei à casa do Jorge 2h55m depois de ter deixado a Pensão Ruby. Pelo meio contei apenas com uma paragem de 10 minutos para beber uma Coca-Cola no mesmo estabelecimento onde, dias antes, entrara com a bicicleta até ao balcão, mas desta vez sem argumentações por parte do empregado.
À minha espera, estava uma mesa cheia de comida tal como eu havia imaginado horas antes.
Os restantes dias na Praia das Chocas seriam passados na praia…
… a tentar convencer os comerciantes locais, que eu não iria comprar caranguejos para a viagem, nem recordações artesanais…
… onde não faltaria o regime de restituição de índices do meu metabolismo…
Maldito aro!!! Santa coca-cola :P S.C.
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